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domingo, 10 de outubro de 2010

Existe base bíblica para o dispensacionalismo?

Existe base biblica para o dispensacionalismo?
Sim, existe base bíblica, embora eu não me sinta confortável em chamar de "dispensacionalismo". Temos tantos "ismos" - como Calvinismo, Arminianismo, Pentecostalismo, Pré-Mileanismo, Pós-Mileanismo, Fundamentalismo, Protestantismo etc. - que sucumbimos à tentação de classificar os cristãos como se fosse uma coleção de insetos em um museu de história natural.

Uma vez um leitor deu um nó em minha cabeça ao tentar definir minha profissão de fé, que ele disse poder tanto ser antropocêntrica como sinergística, ou ainda teocêntrica e monergística. Porém tinha dúvidas se eu seria teocêntrico, pois eu lhe havia indicado um texto semi-pelagianista (nem me pergunte!) que combatia o hiper-calvinismo. Para tratar dessa minha deficiência ele receitou que eu me inteirasse da história da Igreja, teologia e hermenêutica.

Então, antes que você pense que estou falando "teologês", permita-me aplicar também a essa mania de "ismos" o que Paulo diz aos Colossenses ao tratar dos rudimentos do mundo e das doutrinas de homens... "as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria... mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne". Cl 2:23

Entendo apenas que quando falamos em "dispensacionalismo" ou "dispensação" não se trata de algo técnico, como dois mais dois. Embora você encontre na Web coisas como mapas ou diagramas das dispensações, com a história da humanidade às vezes dividida em sete dispensações, você pode também distinguir diferentes dispensações sob diferentes aspectos.

A abordagem dispensacional mais simples seria dividir tudo em duas dispensações como AT e NT, ou o modo como Deus tratou com os homens no Antigo Testamento e no Novo Testamento. Qualquer um de nós está bem familiarizado com essa visão dispensacional, pois nossas Bíblias são divididas assim.

O princípio para entender o processo dispensacional está em identificar que há um que dispensa ou delega algo, e outro que recebe a responsabilidade de cumprir aquilo. Ao falhar em sua responsabilidade ele é punido e outro toma o seu lugar.

Um modo de enxergar as dispensações pode ser dividindo a história das tratativas de Deus para com o homem em períodos como "Inocência" (da Criação à queda, seguida da expulsão), "Consciência" (da queda ao dilúvio), "Governo" (de Noé a Abraão), "Promessa" (de Abraão a Moisés), "Lei" (de Moisés a Cristo), "Graça" (da morte e ascensão de Jesus ao arrebatamento da Igreja) e "Reino" (o reinado de mil anos de Cristo). Mas mesmo esta divisão pode ser flexível ou denominada de outras maneiras.

O que chama a atenção em uma divisão assim é que sempre há um começo de bênção e um fim de juízo. Mas a dúvida é se existe alguma base bíblica para dividir a Palava. Existe: 2 Tm 2:15 "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade".

Onde você "maneja bem" nesta versão no original está ORTHOTOMEO que tem o sentido de "dissecar" ou "dividir". A versão inglesa de J. N. Darby ficaria mais ou menos assim em português: "Empenha-te apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, cortando a palavra da verdade com precisão".

COMO PERDOAR QUEM NÃO ACEITA MEU PERDÃO?

Como perdoar quem nao aceita meu perdao?
Em Lucas vemos o perdão condicionado ao arrependimento: Luc 17:3-4 "Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe".

Creio que aqui esteja falando do perdão governamental, isto é, daquele que segue uma confissão pública e é também dado de forma pública, formal ou audível. Porém, aprendemos de outras partes que não devemos guardar raiz de amargura em nosso coração.

Heb 12:15 Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.

Então talvez o melhor caminho seja perdoar a todos os que nos ofendem como Cristo nos perdoou. Evidentemente Cristo nos perdoou quando nos convertemos e fomos a ele arrependidos pedindo por perdão, o que mostra que o perdão completo está condicionado ao reconhecimento de pecado da parte daquele que nos ofende.

Mesmo assim nosso perdão deve ser incondicional como foi o de Jesus para conosco (lembre-se de que não teríamos ido a ele se não fosse pela ação do Espírito Santo que nos convenceu do pecado):

Efs 4:32 Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.

Col 3:13 Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.

Colocando meus pensamentos em ordem, primeiro, quando sou ofendido, devo perdoar imediatamente em meu coração para me livrar da raiva e da amargura que aquela ofensa irá criar se eu guardá-la. Por que eu deveria alimentar a raiva em meu coração? Enquanto ficar corroendo aquilo corro o risco de aumentar o potencial do pecado do outro e eu mesmo pecar por isso.

Mas a partir do momento em que meu coração está disposto a perdoar, a responsabilidade toda recai sobre o ofensor. Já não é mais problema meu, porque já não me sinto mais ofendido. É ele quem deve tomar a iniciativa de pedir perdão para ser perdoado de fato. Talvez eu devesse chamar esse perdão no coração de disposição para perdoar, uma espécie de embrião do perdão.

Segundo, uma vez tendo perdoado em meu coração, já não estarei mais algemado àquele irmão por sua ofensa; não precisarei mais trocar de calçada quando o vir ou desviar o olhar dele. Com um coração apto a perdoar eu me torno acessível para o caso de ele se arrepender e me procurar. Ele deve perceber minha boa disposição em perdoar assim como percebemos essa disposição no coração de Deus que fez tudo neste sentido.

Mas não é o caso de eu ir a ele dizendo que está perdoado, como costumam ensinar os psicanalistas visando apenas o bem estar de seu paciente, e não a correção do erro da parte do ofensor. Porque se ele não reconheceu seu erro de nada irá valer o meu perdão. Este será tão inútil quanto um presente que compro para dar a alguém e a pessoa nunca passa em casa para receber. Por isso pode ser o caso de admoestá-lo pelo seu erro, como ensina Lucas 17:3, visando sua correção.

Deus nos disciplina quando erramos, portanto o perdão não deve ser encarado como um paliativo para deixar para lá o pecado como se fosse algo inofensivo. Nunca é. Do ponto de vista governamental (quero dizer administrativo, exterior ou público), o pecado deve ser reconhecido, confessado e julgado, antes de ser perdoado.

Terceiro, se ele reconhecer o erro e confessá-lo em arrependimento, devo revelar a ele o meu perdão. Quero dizer com tudo isso que, quando nós fomos a Deus para pedir perdão, ele não nos deixou esperando na fila enquanto ia pensar se devia nos perdoar ou não. O perdão estava bem ali, disponível, como um presente já comprado e pago, só aguardando nosso arrependimento e contrição para recebê-lo.

Assim deve ser conosco. Creio que o perdão fica sendo uma espécie de estado constante no coração do cristão, mas que só é manifestado publicamente quando requerido por uma confissão do ofensor arrependido. Portanto, se o ofensor não está disposto a aceitar nosso perdão, ele não está arrependido e, por isso, não terá a garantia de perdão.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

EXISTE PERDÃO PARA O MEU PECADO?

Existe perdão para o meu pecado?
Sua aflição parece ser fruto daquilo que acreditam as pessoas com as quais você se congregava, ou seja, que o seu pecado é grave demais para voltar a desfrutar da comunhão com Deus.

A única condição para sermos salvos é reconhecer que somos pecadores, pois "Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores..." E, se continuarmos o versículo, por pior que você se considere, saiba que Paulo era pior "...dos quais eu sou o principal." Ele entregou à morte muitos dos primeiros cristãos, ou consentia com apedrejamentos como o de Estêvão.

Você certamente já leu esta passagem de João 8:

1 Jesus, entretanto, foi para o monte das Oliveiras.
2 De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava.
3 Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos,
4 disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério.
5 E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?
6 Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo.
7 Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.
8 E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.
9 Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava.
10 Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
11 Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.

O curioso é que os fariseus afirmam que aquela mulher havia sido surpreendida em adultério, o que significa que havia também um homem com ela. Cadê o homem? Seria ele um fariseu também que estava sendo poupado por seus amigos? Provavelmente. O fato é que a Lei de Moisés mandava apedrejar os dois que fossem pegos em flagrante adultério, mas apenas a mulher é levada a Jesus.

No final, todos eles se afastam porque suas consciências também eram culpadas. Apenas uma pessoa permanece na presença de Jesus, o único que podia atirar a primeira pedra por ser sem pecado. Mas ele não faz isso. Ao contrário, Jesus não condena a mulher. É quando nos colocamos diante do Senhor, confessando e reconhecendo nosso pecado, que podemos ouvir suas palavras de perdão. O companheiro dela ou os outros fariseus não tiveram o mesmo privilégio que a mulher teve. Apesar de terem sido acusados pela consciência de que não estavam livres de pecado, afastaram-se daquele que era o único capaz de perdoá-los e limpar suas consciências.

Se aquela mulher saísse dali e alguém lhe perguntasse: "Então, como fica essa situação de adúltera?", o que ela poderia dizer? "Não sei não, Jesus disse que não me condena, mas não tenho lá essa certeza..." Ou será que ela podia dizer alegre: "Fui perdoada!".

Todos os nossos pecados foram julgados em Jesus lá na cruz e nenhum ficou para trás ou para ser resolvido depois. O sangue dele nos purifica de todos os nossos pecados. Obviamente isso não é uma permissão para pecarmos (o Senhor diz à mulher "vai e não peques mais"), mas se pecarmos, temos um advogado diante do Pai intercedendo por nós. O perdão é garantido graças à obra na cruz, e não a nós mesmos ou até à intensidade de nosso arrependimento, mesmo porque o verdadeiro arrependimento é o Espírito Santo que opera em nosso coração.

Não sei quando você se converteu a Jesus, se foi antes ou depois do que contou, mas de qualquer modo é bom entender que quando nos convertemos a Jesus todas as nossas iniquidades são perdoadas e recebemos o Espírito Santo que vem habitar em nós. Se pecamos depois de convertidos, não perdemos a salvação ou o Espírito Santo, mas perdemos a comunhão com o Pai, como um filho que é colocado de castigo trancado no quarto. Mas, se a casa pegar fogo, adivinha qual filho o Pai vai correndo salvar?

Portanto, de uma forma ou outra, você pode se considerar liberta pelo sangue de Jesus. Não é por obras que somos salvos, e não é por obras de fidelidade que nos mantemos salvos, e também não é por obras que aplacamos nossa consciência, muito embora tentamos fazer isso. Por isso, a primeira reação nossa quando pecamos é querer fazer alguma coisa para compensar. Nada do que fazemos pode cobrir o pecado e a ocupação com as coisas de Deus também não aplaca a consciência.

A solução? Uma confissão sincera e a confiança de que "...o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós." 1 Jo 1:8-10

O Salmo 103 pode trazer grande consolo a esse respeito:
8 O SENHOR é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno.
9 Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira.
10 Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniqüidades.
11 Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem.
12 Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.
13 Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

É errado cremar os mortos ?

É errado cremar os mortos?
Você pergunta sobre a cremação, se é correto para um cristão ser cremado. A falta de respostas bíblicas em muitas questões desta vida nos deixa em um éter de dúvidas e frustrações. Ficamos como um navegante sem bússola. A segurança do cristão está na Palavra de Deus, não em si mesmo, suas idéias, ou em outros homens. Deus falou. Cabe a nós escutar a Sua Palavra.

Se perdermos isto de vista ficamos como Saul. Ele foi um rei rebelde que queria fazer sua própria vontade. Isto acabou fechando completamente sua comunicação com Deus. "E perguntou Saul ao Senhor, porém o Senhor lhe não respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por Profetas. Então disse Saul aos seus criados: Buscai-me uma mulher que tenha o espírito de feiticeira, para que vá a ela e a consulte..." 1 Samuel 28:6,7

Quando não temos de Deus uma resposta clara e inequívoca, acabaremos buscando por alternativas como a consulta aos mortos, que foi o que Saul quis fazer e os espíritas acreditam fazer. E o engano jaz à porta daqueles que foram surdos aos clamores de Deus até chegar ao ponto em que o próprio Deus deixa de responder. Foi a mesma má vontade de escutar a Palavra de Deus que levou os judeus a serem endurecidos em parte, passando a ficar incapazes de ouvir a Palavra de Deus e entendê-la:

(AT 28:26) Vai a este povo e dize-lhe: De ouvido, ouvireis e não entendereis; vendo, vereis e não percebereis.
(AT 28:27) Porquanto o coração deste povo se tornou endurecido; com os ouvidos ouviram tardiamente e fecharam os olhos, para que jamais vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, para que não entendam com o coração, e se convertam, e por mim sejam curados.

Quando se atinge este estado, passamos a ser aqueles que o Senhor descreveu em Mateus:

(MT 15:8) Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
(MT 15:9) E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.

Se você reparar, o Senhor Jesus estava citando Isaías em Is 29. O que antecede isto em Isaías é justamente o Senhor tornando o povo incapaz de entender a Sua palavra, por terem ouvido de mal grado. Estamos prontos a escutar a Palavra de Deus e tê-la como decisiva em toda e qualquer questão? Este é o ponto. A Bíblia não fala nada sobre doação de órgãos, portanto não tenho qualquer problema com isso. Mas ela fala de sepultar mortos (Gn. 15:15) e ela fala de cremação associada a desprezo pelo corpo ou maldição. Não vemos que fosse costume do povo de Deus (os judeus) cremar os corpos e essa prática era vista com horror (Am. 2:1). A cremação só era prescrita como castigo (Js. 7:15).

Minha opinião deve ser formada pela Palavra de Deus. Ou então estarei me considerando mais sábio do que Deus, escolhendo dela o que me convém e rejeitando o que não convém.